Mentir no currículo pode virar crime

Rogerio Jovaneli, de INFO Online
Terça-feira, 27 de julho de 2010 – 11h57

SÃO PAULO – Mentir no currículo pode se tornar crime, com detenção de dois meses a dois anos para infratores.

É o que prevê o Projeto de Lei 6561/09, que tramita na Câmara dos Deputados.

Getty Images - Falsificar o currículo, integralmente ou em parte, pode dar detenção de dois meses a dois anos

Segundo o texto, de autoria do deputado Carlos Bezerra (PMDB/MT), a punição será atribuída aqueles que falsificarem o currículo, integralmente ou em parte, inserindo informação falsa nele ou em banco de dados que armazene ou disponibilize para consulta o respectivo conteúdo, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, causar dano a terceiros ou habilitar alguém a obter cargo, emprego, função, título, bolsa de estudos, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem.

Embora o Código Penal preveja penas para casos de falsidade de documentos, não há punição específica para falsidade de currículos, que, de acordo com o projeto, é alvo frequente de falsificações ou alterações do conteúdo verdadeiro original com o objetivo de obter vantagens indevidas.

Como montar um bom currículo

Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, montar um currículo que seja flexível e atenda a diversas vagas não é uma tarefa fácil. No entanto, a dificuldade não deve ser entendida como justificativa para mentir ou acrescentar dados a mais no documento para tentar impressionar o empregador. Tal postura tem feito contrário: acaba afastando ainda mais o profissional da vaga almejada.

Confira, a seguir, 12 dicas para auxiliá-lo na criação de um bom currículo e se preparar adequadamente, antes da entrevista, e, dessa forma, aumentar as chances de conquista de uma oportunidade de trabalho.

1 – Aumente suas chances: dependendo da sua área de atuação, pode se candidatar a diferentes oportunidades. Como fazê-lo, então? Em vez de montar um currículo engessado, é bem mais interessante analisar a proposta e alterar a hierarquia de algumas coisas como intenções, cursos e competências, por exemplo.

Dessa forma, pode aumentar as suas possibilidades. Mas lembre-se que alterar a hierarquia com foco em uma determinada vaga não significa cortar informações. E jamais se candidate a uma vaga fora do seu perfil.

2 – Tamanho é documento: o currículo é um resumo das suas qualificações, por isso não exagere na quantidade de dados. Um documento de duas páginas é considerado como ideal, mas isso pode variar dependendo da sua experiência e tempo de mercado.

Se esse for o caso, seja sucinto na hora de desenvolver o conteúdo de cada tópico como perfil, realizações, certificações e treinamentos, interesses, educação e habilidades especiais, como o conhecimento de línguas estrangeiras.

3 – Revisão e formato: preocupe-se com a linguagem utilizada e passe o pente fino para pegar erros de digitação ou concordância. Além disso, pense no formato. Destaque os tópicos, organize bem as listas e deixe espaços em branco para respiro, pois ler um bloco gigante de texto pode cansar o entrevistador. Quando terminar, peça para os amigos e familiares conferirem se está tudo claro.

4 – Inicie pelo mais recente: ao listar os lugares onde trabalhou, procure organizar sempre do mais recente para o mais antigo. Obviamente, o último emprego mostra as áreas nas quais você está mais ativo. Caso queira dar uma virada na carreira, deixe isso claro em outros tópicos, como interesses e habilidades, por exemplo.

5 – Só fatos relevantes: você deve incluir as informações sobre realizações, resultados obtidos em projetos e funções sem tornar a coisa muito cansativa. Diga que sua equipe reduziu o tempo de desenvolvimento em 20%. Deixe a explicação para a entrevista. Claro, se o processo utilizado for algo muito requisitado no mercado, é importante citar.

6 – Pense em busca: trabalha com “gerenciamento de equipes”, “programação orientada a objetos”, “SaaS” e tem conhecimento sobre “Business Inteligence”? Então, não deixe de usar esses termos em seu currículo.

Além de chamar a atenção do entrevistador, se ele estiver procurando por essas referências, essa prática pode ajudá-lo na hora de publicar seu currículo online.

7 – Não minta (sobre idiomas, inclusive): jamais minta. E, se você lê em inglês, mas não sabe como pronunciar uma palavra, simplesmente não diga que é fluente. Você pode se deparar com um alguém que vai entrevistá-lo nessa língua, só para testá-lo. O mesmo vale para outras habilidades.

8 – Mantenha-se atualizado: quando você está fora do mercado de trabalho por um longo período, precisa trabalhar duro na busca por uma colocação, o que significa que você precisa encontrar meios de incrementar as suas habilidades.

Mantenha-se atualizado quanto às novas tendências do mercado, lendo jornais de sua área, fazendo um curso de carreira e participando de eventos.

9 – Boca-a-boca: lembre que nem todos os empregos são anunciados das maneiras mais convencionais. Por isso, avise os seus amigos e ex-colegas que está procurando emprego e pergunte se eles conhecem alguma empresa que possua cargos que se encaixam em seu perfil. Boca-a-boca é a melhor ferramenta de promoção, então procure usá-la ao máximo.

10 – Networking online: networking online também traz benefícios, especialmente se você criar um blog e escrever sobre a sua área de trabalho. O blog mostrará aos potenciais empregadores seu conhecimento sobre o mercado e o colocará em contato com pessoas diferentes.

O intercâmbio de informações e experiência em redes sociais também não deve ser desprezado. Preste bastante atenção aos seus seguidores e quem você segue no Twitter.

Uma rápida troca de mensagens pode render uma indicação para uma oportunidade futura. Não se acanhe. Se não quiser abrir para todos, use ao menos a comunicação por mensagem direta (direct message).

Não são poucas as pessoas que obtiveram recolocação no mercado desta forma. É rápida, fácil e mais direta. Sem contar que será com o consentimento da pessoa, o que torna mais proveitosa a comunicação, diferentemente de envio de currículos sem critério algum pela web.

11 – Consultoria freelance: infelizmente, as suas despesas não terminam quando o último salário acaba. Mas antes que você recorra a economias, considere utilizar as suas habilidades e experiências adquiridas enquanto estava empregado.

Deixe antigos clientes e contatos saberem que você está disponível para realizar trabalhos de consultoria freelance. Mesmo um trabalho voluntário ajudará a cobrir a lacuna em seu currículo.

A consultoria não apenas mantém os seus conhecimentos atualizados, como também demonstra a sua determinação para procurar trabalho, além de poder abrir novas oportunidades de carreira.

12 – Iniciativas diversas: escrever artigos para publicações do trade ou dar palestras voluntariamente em um seminário sobre sua área também surtem o mesmo efeito.

Em geral, se você demonstra aos empregadores que tem feito tudo ao seu alcance para encontrar uma nova posição no mercado de trabalho e que mantém as suas habilidades e conhecimentos atualizados, o tempo em que você esteve desempregado não terá tanto peso assim.

Ao ressaltar as iniciativas, os trabalhos diversos que realizou enquanto buscava a sua oportunidade, passará uma imagem de que você sempre esteve na ativa. O tempo todo. E que jamais parou de produzir. Isso pode contar muitos pontos a seu favor.

Modelos de currículos

Quer modelos de currículos? Entre no Downloads INFO e escolha uma das opções de acordo com o seu perfil.

Fonte: INFO ABRIL

Mais velhos ganham espaço no mercado

Carolina Lopes
Do Diário do Grande ABC

Nada de tricô ou dominó. Cada vez mais idosos e aposentados deixam seu merecido descanso para retornar ao mercado de trabalho. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a contratação de pessoas com mais de 50 anos cresceu 80% nos últimos oito anos em todo o País.

O Grande ABC também tem registrado bons números. Segundo o CPETR (Centro Público de Emprego, Trabalho e Renda) de Diadema, houve elevação de 21% na recolocação de trabalhadores mais velhos no primeiro semestre de 2010, na comparação com o mesmo período do ano passado.

“Como houve ampliação no mercado de trabalho, é natural que todos os públicos consigam uma fatia maior em decorrência do bom momento da economia”, acredita o coordenador do CPETR de Diadema, Jerônimo de Almeida Neto.

Segundo o gerente de atendimento da Catho Online, Lucio Tezotto, a realidade do mercado tem mudado. Se antes a preferência era pelos mais jovens, hoje as empresas já enxergam o imenso potencial que não estava sendo bem aproveitado.

“Com certeza as empresas já estão enxergando a importância de ter profissionais mais experientes no seu quadro de funcionários. No auge da crise, por exemplo, as empresas preferiram contratar profissionais mais maduros e com salários superiores. Houve demissão de funcionários jovens, que foram substituídos por profissionais mais experientes”, afirma Tezotto.

Qualificação – Essa realidade, entretanto, não se aplica a todos os trabalhadores com mais de 50 anos. Apenas os mais qualificados e que se mantêm constantemente atualizados conseguem retomar seu espaço no mercado.

“O profissional mais preparado não tem dificuldades para conseguir um emprego, não importa qual idade ele tenha. Já quem não tem qualificação encontra muitas barreiras”, acredita o presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Benedito Marcílio.

A falta de preparo faz com que a maioria das oportunidades destinadas a essa faixa etária tenha remuneração baixa. “As vagas mais oferecidas para esse público estão nos setores de comércio e serviços, para as funções de auxiliar de limpeza, porteiro, vigia, ou seja, cargos não muito complexos e com faixa salarial baixa. Em geral, a exigência é ensino fundamental completo e o salário varia de R$ 510 a R$ 800 ao mês”, esclarece Almeida Neto.

Empresas ganham ao optar por experientes
Após atuar por mais de 30 anos na área contábil, o aposentado José Pedro de Medeiros, 65 anos, morador de Ribeirão Pires, nunca imaginou que fosse trabalhar com atendimento ao público após “pendurar as chuteiras”.

Há um ano e meio, Medeiros trabalha como atendente de uma rede de pizzarias no Shopping ABC, em Santo André. “Quando me aposentei, tive uma redução de 30% no meu salário. Isso complicou a minha vida, pois preciso tomar remédios e tudo vai ficando mais caro com o passar do tempo. Por isso, vi o anúncio de emprego em um jornal e resolvi me candidatar”, conta.

Para ele, voltar ao mercado só trouxe benefícios. “Tenho vários colegas que entraram em depressão após a aposentadoria. Para mim, voltar a trabalhar foi uma terapia”, diz.

As empresas que contratam trabalhadores maduros só têm a ganhar, de acordo com Lucio Tezotto, gerente da Catho Online. “As principais vantagens do trabalhador mais velho são experiência profissional e conhecimento técnico. Além disso, ele é mais paciente e resiliente, características adquiridas com a maturidade profissional”, afirma.

Fonte: DGABC

Empreender é construir. O que você está construindo?

Carlos Faccina

Diferente do sentido que encontro no dicionário (que destaca a decisão de realização e classifica a tarefa como trabalhosa), para mim empreender é construir. E aí me agrada o sentido de “criar (algo), juntando materiais variados em determinada forma, seguindo determinado projeto”. Fazemos isso na empresa em que trabalhamos ou em um novo negócio que criamos.

Todas derivações de ‘construir’ tiradas do dicionário Houaiss me agradam também: erguer com materiais duradouros, edificar, fabricar, produzir e ocupar espaço. Ou por derivação, fazer um trabalho de criação mental, elaborar, formar passo a passo, de degrau em degrau, preparar ou inventar.

Se empreender é construir, precisamos de uma base, de estudo, de projeto, de planejamento, de materiais, de formação e execução. Daí também tiramos a importância de analisar a adequação do projeto e avaliar as condições de sustentabilidade em interação com o meio ambiente (natural, social e de negócios).

Se empreender é construir, a decisão nasce bem antes do ato de ‘empreender’ (no sentido de tomar a decisão para realizar a tarefa empreendedora). Nasce agora, enquanto você estuda e realiza sua formação profissional, durante sua carreira com carteira assinada, nos seus relacionamentos cotidianos, nos projetos que desenvolve e nas entidades que frequenta.

O comportamento dos empresários brasileiros mudou. Atualmente, os donos de micro e pequenas empresas estão buscando conhecimento para iniciar e gerenciar negócios. Quanto mais informação, mais competitiva será a empresa. Isso é o que mostra a Pesquisa internacional Global Entrepreneurship Monitor (GEM) – veja link abaixo.

Essa visão de preparação para a construção nos ajuda a ver a o comportamento empreendedor no cotidiano. As empresas, cada vez mais, esperam profissionais empreendedores. Nesse caso, o que você está construindo?

Pense as seguintes questões seja na construção de sua carreira dentro da empresa, seja para abrir um novo negócio:

Como, pessoalmente, está planejando o desenvolvimento dessa carreira? Não esqueça que o departamento de treinamento e desenvolvimento da empresa não é responsável pelo seu desenvolvimento, mas você mesmo é o agente desse processo.

Cuidou de preparar a base? Bons empreendimentos não nascem apenas da coragem, da iniciativa e das boas intenções.

Já tem um projeto? Vai começar pelo telhado, pela janela ou pelas fundações? Em qual estágio desse projeto você está?

Quais são os pilares dessa construção? O material é firme e de boa qualidade?

Analisou o ambiente? Quais são as oportunidades e os riscos? O projeto se sustenta no longo prazo? Como está a sua rede de relacionamento?

Quando vai lançar seu projeto? Decidir envolve riscos, exposição e reação. Não espere que o mundo vá te abrir passagem. esteja preparado para ganhar e perder batalhas, mas fique de olho na realização do objetivo maior.

Do post anterior A carreira é uma escolha previsivelmente irracional?, não se esqueça “quantas vezes você achou que tomou a decisão certa, mas sem ter uma base racional para saber se de fato estava certo? Entender como somos previsivelmente irracionais é o ponto de partida para melhorar nossas decisões e mudar nossas vidas para melhor, nos ensina o economista e psicólogo americano Dan Ariely.

Leia também:
Aprender a empreender

Para quem já está na estrada do empreendedorismo e se interessa pelo tema:

Pesquisa GEM: dados estratégicos sobre empreendedorismo no Brasil e no mundo
Realizada anualmente, a pesquisa mede a evolução do empreendedorismo no Brasil e em outros países, permitindo a identificação de fatores críticos que contribuem ou inibem a iniciativa empreendedora.
Clique aqui e conheça os conteúdos completos das pesquisas GEM desde 2000.

Prêmio Empreendedor de Sucesso 2010
Em 2010, o Prêmio Empreendedor de Sucesso chega à sua quarta edição. Resultado de uma parceria entre a revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios e o Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas, com patrocínio da Visa, o prêmio tem como objetivo divulgar e reconhecer empreendedores de sucesso. São três as categorias premiadas: Oportunidade, Inovação e Crescimento. A empresa que se destacar em todas elas levará o prêmio Empreendedor do Ano. As inscrições podem ser feitas entre os dias 5 de julho e 5 de agosto, no site do Prêmio.

Fonte: EPOCA NEGÓCIOS

Crescer ou ser fiel: o que você faria no lugar de Muricy?

Especialistas em gestão de carreira explicam o que fazer quando surge um dilema similar ao enfrentado pelo técnico do Fluminense

Beatriz Ferrari  

Você recebe uma proposta de emprego de outra empresa. É um salto em sua carreira, algo que você esperava havia muito tempo. Mas você não quer romper seu compromisso e deixar seu chefe – que não quer perdê-lo – na mão. O que fazer? Mudar de emprego mesmo assim? Romper obrigações contratuais ou morais em nome de um cargo mais alto ou de mais dinheiro? A resposta dos especialistas em gestão de carreira é: siga o exemplo de Muricy Ramalho.

O técnico do Fluminense foi convidado na última semana a assumir o posto de treinador da seleção brasileira, cargo que dez entre dez técnicos almejam. Recusou a oferta, porém, porque o clube que dirige não liberou sua saída. Muricy já havia acertado um contrato com a equipe carioca até o fim de 2012 antes de receber o convite da CBF. Como diz que nunca quebrou um contrato sequer, deixou a decisão de liberá-lo ou não nas mãos do Fluminense, que decidiu segurá-lo. E Muricy, que sempre disse sonhar com a chance de treinar a seleção, abriu mão dessa chance.

Os especialistas em gestão de carreira ouvidos por VEJA.com classificaram a decisão como acertada. “É uma postura ética rara de ser encontrada. Vemos muitas empresas fazendo propostas melhores e é comum o profissional pensar só no dinheiro e partir. Essa decisão muitas vezes mancha uma carreira”, alerta Sulivan França, presidente da Sociedade Latino Americana de Coaching (Slac). “Às vezes, vale mais a pena você sacrificar um ganho no curto prazo, mas valorizar uma carreira e um caráter”, completa.

“O Muricy deu o exemplo do que é um líder baseado em valores”, afirma Irene Azevedo, consultora de carreira da DBM. A especialista explica que essa decisão é benéfica no longo prazo, porque o líder passa a ter muito mais credibilidade perante sua equipe. “Aqueles que estão sendo liderados por nós esperam o exemplo, por mais difíceis que as decisões sejam”, explica.

E se você fosse o Mano? – O ex-técnico do Corinthians, Mano Menezes, foi convidado a assumir o cargo que Muricy recusou. No mundo corporativo, ser a segunda opção é muito comum, e o profissional não deve se sentir inferior por isso. “As oportunidades só aparecem quando estamos preparados”, explica Irene. De acordo com ela, não há segredo na postura ideal para essa situação: “O importante é pensar: eu fui lembrado e escolhido. Tenho que mostrar o meu valor, ver os erros e acertos das outras gestões”, afirma a consultora.

O especialista em recrutamento de executivos Jean Pierre Marras explica que nem sempre a escolha de um profissional leva em conta apenas competência. “Existe uma série de variáveis que são levadas em conta”, explica. Portanto, o profissional lembrado apenas após a recusa do primeiro escolhido não deve se ressentir. Pelo contrário: deve pensar que está no rol dos melhores.

Fonte: VEJA